domingo, 4 de setembro de 2011

Corram crianças

Corram crianças, fujam enquanto há tempo. Escondam-se antes que ela as encontre, pois ela está atrás de vocês, esperando uma de vocês, uma criança inocente e indefesa.
Mães protejam suas crianças. Procurem algum lugar neste mundo que vocês possam escondê-las, onde exista alguma proteção, onde Deus possa ouvir suas orações, sentir o medo correr em seus corações e proteger seus anjos indefesos.
Ela está a solta sem coração, sem amor e sem piedade. Não importa sua idade, seu tamanho, seu sexo ou sua raça, ela está caçando suas crianças como um faminto procurando sua comida para saciar sua fome que aos poucos o mata.
Ela está se alimentando do ódio, do rancor e da dor. Mas ainda não é suficiente, ela quer nossas crianças. Então corram.
Não nos resta mais nada. Não há amor, não há carinho, não há ajuda e muito menos perdão. Muitos se vão por conta própria, outros ela os leva. Alguns se perdem dentro de si, como perderam a esperança em algum corpo morto. E os poucos que sobram acreditam que há um lugar em que ela não entra. É difícil acreditar neste lugar desconhecido vivendo em um lugar como este, tão cruel.
Como minha irmãzinha dizia: “Viver é cruel.” Sendo assim, só me resta um ato singelo:
“Pai, nos proteja de todo o mal que vive aqui. Proteja-nos de nós, do nosso ódio. Olhe por nós. E o mais importante, proteja nossas crianças. Leve nossas crianças daqui, deste mundo cruel e não deixe que ela, a impiedosa violência, as encontre. Amém!”

Jéssica Ramos Bastos