quinta-feira, 14 de julho de 2011

Singelo convite

Seus olhos me chamam para o passado. Aceito o convite.
Vejo nós dois correndo pelo quintal, brincando e conversando. Esperando a noite chegar para ouvirmos aquela música que gostávamos.
Vejo aquele menino que eu tanto amava e que sentia orgulho. Queria ser como você, tão inteligente.
Continuo nessa viagem em seus olhos...
Cada imagem que vejo é uma dor que sinto. Cada palavra que ouço é uma lágrima que rola em meu rosto sem destino.
Tudo aquilo me dá um momento de felicidade, mas sinto como se algo me puxasse, ouço alguém me chamando... É a realidade que me chama e tira aquela alegria de mim.
A nova imagem que vejo, é você sentado ao meu lado como se não fosse você e aquele silêncio que me faz companhia.
Sinto aquela tristeza invadindo o meu ser, me convidando para ver um outro passado. Não quero aceitar o convite, mas já sou sua escrava e vou com ela.
Vejo a imagem de alguém magro, feio. Não consigo reconhecer, é com se fosse um estranho na minha casa. Acompanho essa pessoa.
Ela entra em um beco escuro e frio. Sinto um calafrio, mas continuo seguindo.
Tento chamá-la, mas ela não me ouve e continua andando.
Consigo alcançá-la, olho para seu rosto e levo um choque. Aquela pessoa feia, magra com uma aparência carregada é você... O choque é tanto, que volto à realidade com lágrimas no meu rosto e você me observando.
Olho para seus olhos, mas nada vejo.
Queria viver na viagem de seus olhos...


Jéssica Ramos Bastos

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Camisa de Vênus

É tão triste ler essas frases que me matam a cada sílaba formada.
Primeiro leio o meu nome, está correto.
A vontade de voltar o tempo é tão grande que ás vezes me iludo pensando que tudo está bem, que tudo voltou a ser como era antes. Mas logo me vejo vomitando, e a ilusão vai embora com a descarga.
“ Não tem como voltar no tempo, agora você tem que enfrentar tudo o que está por vir com toda a sua força.” Oh, palavras hipócritas. Oh, pessoas hipócritas. Não sabem o que falam. Não sentem a dor gigantesca que vive dentro de mim. O que fariam se a sentisse?
Olho para aquele papel... Como queria que ele não existisse.
Não é apenas mais um papel que jogarei fora assim que terminar de usá-lo. Nele há a resposta, a minha resposta, que não poderá ser reciclada junto com o papel.
Quem diria que por um amor, a morte iria me encontrar?
Ela me segue a cada passo que dou, a cada suspiro. Ela dorme ao meu lado como ele dormiu aquela noite, só esperando um espaço que a vida der para que ela possa atacar.
Resolvo abrir aquele papel e acabar com tudo isso...
Surpresa? Não, já esperava.
Positivo, a morte me encontrou.

Jéssica Ramos Bastos
Escrevi este texto no dia 03/03/2011