domingo, 13 de novembro de 2011

Sinfonia de horror

- Cala a boca!
Com a arma na cabeça dela, grito em seu ouvido palavras que a faz tremer. Seu choro me desespera. Seu coração bate tão forte que acompanha o meu em uma sinfonia de drama. Parece uma competição de quem estoura primeiro. Mas seu desespero não a deixa perceber que estou com tanto medo quando ela, que estou desesperado para chegar em casa e dar um abraço em meu filho.
Parece que o tempo parou, não anda sequer um segundo e eu não aguento mais o choro dela.
- Cala a boca
Furioso, repito milhões de vezes a mesma frase. Nada faz sentido, nada muda, mas tenho que continuar...
Mas continuar o que, se tudo acabou?
Tendo prendê-las, mas minhas lágrimas correm como se estivessem fugindo de meus olhos. Não consigo pensar em mais nada.
Não foi o tempo quem parou.
Abaixo a arma, olho para ela e abaixo a cabeça.
Ela corre como se estivesse reencontrando a vida e eu continuo no mesmo lugar, sentado no chão naquela noite, como a minha vida sempre esteve.
Agora, ouço apenas meu coração, ele toca sozinho.

Jéssica Ramos Bastos

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