quarta-feira, 20 de abril de 2011

Pesadelo

Levanto-me ouvindo choros e gritos. Minha respiração ofegante e uma grande agonia dentro de mim. Apenas mais um pesadelo.
Esfrego os olhos, vejo tudo embaçado. Olho-me no espelho, vejo-me magro e feio. Lavo o rosto e caminho até a janela. Mais um dia de chuva.
Continuo me sentindo mal. Tento lembrar-me do pesadelo, mas está muito confuso... Lembro-me de uma mulher chorando, uma criança gritando, gente desmaiando. Tento esquecer, mas uma dor repentina me faz gritar. Sinto um baque, minha cabeça dói.
O que está acontecendo? Vejo tudo rodar.
Acho que bebi de mais ontem... Mas onde eu estava ontem?
É isso, eu saí e bebi mais do que deveria, por isso a dor de cabeça.
Deito-me novamente para esquecer o pesadelo e a dor de cabeça. Mas tudo roda novamente. Ouço novamente o grito de criança e o choro daquela mulher desesperada.
“Quem são vocês?” Faço essa pergunta mais de uma vez, mas ninguém me responde.
Aquela dor de cabeça já está me fazendo delirar.
Novamente aquele baque. Aquele barulho que invade meu ouvido.
Um homem... Quem é?
Sou eu! É aquele pesadelo...
Estou atrasado, tenho que tomar café.
Passo pelo quarto de minha mãe, mas está tudo estranho. A casa está diferente, não tem mais retratos... Acho que minha mãe tirou para limpar.
Passo no quarto de minha filha, dou um beijinho nela. Ela está dormindo.
Fico alisando seu cabelo e lembro-me de sua mãe... Como sinto falta dela.
“Bom dia mãe.” Que estranho, ela não me responde. Por quê?
Ela está chorando... “Mãe?” Silêncio.
Acompanho ela até seu quarto, sento-me em sua cama. Mas ela não me vê.
“Mãe, fala comigo. O que está acontecendo?”
Aquela dor novamente me domina. Caio no chão e aquele baque novamente. Os gritos... Os choros... O que está acontecendo?
Vejo aquele homem deitado no chão... O pesadelo?
Ouço minha mãe falando comigo, pedindo para eu ficar bem...
“Mãe, eu estou aqui. Ajude-me.”
Minha filha entra no quarto chorando. Por que esses choros?
“Vovó, eu quero o papai...”
Mas o que está acontecendo? Eu estou aqui, filha! Olhe para mim...
Tudo gira, tudo dói, sinto a agonia, a vontade de... Morrer?
Não! Não pode...
Lembro-me de ontem. Eu estava chorando, com saudade de minha mulher.
Oh, meu Deus!
Caminhei até a ponte... Fiquei olhando paro o céu, queria voar. O céu estava nublado, mais um dia de chova.
Olhei para o chão, e... Sinto novamente aquele baque.
Eu pulei!


Jéssica Ramos Bastos

2 comentários:

  1. Um dos seus melhores textos. Me prendeu à cada palavra, cada segundo. Ótimo! Me trouxe uma mistura de sensações e confusões junto do personagem. Parabéns, Jé! Tá muito foda!

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  2. Obrigada por acompanhar cada texto que escrevo.
    rs

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